Palestra: “Homossexualidade e Homofobia no Brasil”


Palestrante: Prof. Dr. Luiz Mott (Universidade Federal da Bahia/ Presidente do Grupo Gay da Bahia).
Data: 10 de junho (segunda-feira).
Horário: 17:00hs
Local: Unijorge, Campus Comércio, prédio IV, auditório, 9º andar (Rua Miguel Calmon, Edf, São Paulo).

Serão fornecidos certificados aos participantes que contarão como horas para Atividades Complementares.

CONVERSANDO COM SUA HISTÓRIA


Resumo da palestra:

Nesse diálogo, trago contribuições quanto a algumas das principais preocupações de historiadores que lidam com fontes orais. Entre elas tenho acentuado complexas utilizações de dimensões da oralidade e da memória. O destaque a questões teóricas que emergem ao trabalharmos com a linguagem oral remete a imperiosa peculiaridade do suporte de pesquisa então rastreado. Contudo, não se trata de uma generalização do conceito, mas sim de múltiplas apropriações da oralidade denunciadoras de memórias, ou de memórias materializadas na voz.  Essas memórias orais rastreadas em pesquisa de História Oral conformam-se segundo diversas espacialidades e temporalidades. Certamente o tempo/espaço da entrevista e o espaço/tempo dos eventos narrados sejam as mais evidentes. Mas não exclusivos. Mostra-se fundamental atentar para o tempo da construção de territorialidades vivenciadas como índices espaço-temporais das temáticas estudadas, o tempo/espaço social de definição do que deve lembrado e aquilo que precisa ser esquecido e de inusitados tempos verbais da memória: inesperados passados, futuros, presentes.


Atenciosamente, 

Centro de Memória da Bahia
Fundação Pedro Calmon - Centro de Memória e Arquivo Público da Bahia
Secretaria de Cultura do Estado da Bahia
Governo do Estado da Bahia
55-71-3117-6067

CANDOMBLÉ EM PASSÉ


Subdelegacia da Freguesia de São Sebastião das Cabeceiras de Passé, Termo da Vila de São Francisco, 5 de julho de 1879.
Ilustríssimo Senhor
Chegou-me as mãos o ofício de Vossa Senhoria, datado de 6 de junho próximo passado, hoje 5 de julho, no qual me ordena Vossa Senhoria que lhe informe com urgência sobre o cerco que dei a casa do africano liberto, de nome Paulo, morador em terras do Engenho Restauração, do Capitão Francisco Agostinho Guedes Chagas; assim como diz Vossa Senhoria ter-me oficiado no mesmo sentido no dia 16 de abril do corrente ano, ofício este que não recebi. Cumprindo as ordens de Vossa Senhoria passo a dar as informações que Vossa Senhoria de mim exige. Vindo ao meu conhecimento, por diversas pessoas, que o africano Paulo a título de curador e adivinhador, reunia em sua casa muita gente, e neste meio muitos escravos da vizinhança, que ali se acoitavam, com grande prejuízo de seus senhores, e da moral pública; para ali me dirigi, acompanhado do Alferes José Ventura Esteves e do cidadão Pedro Joaquim de Menezes, que a isto espontaneamente se prestaram, do Inspetor de quarteirão Emigdio  Moreira de Queiroz, do oficial de justiça e da força policial aqui destacada; e chegando, ás três horas da tarde no tal casebre, mandei, pelo Cabo Comandante do destacamento, por a casa em cerco, visto que tinha para mais de sessenta pessoas, entre forros e escravos, mandando nesta ocasião ao dito Inspetor participar ao capitão Chagas, o fim que tinha em mira esta dita delegacia, isto é, acabar por uma vez com aquele covil de imoralidades; não se achando, porém o referido  Capitão em casa, esta participação foi entregue a seu filho Antonio de tal, que se apresentando acompanhado de alguma pessoas, quis levantar o cerco, ao que me opus e corri a casa, achando dentro de [caboreis] e cumbucas, diversas qualidades de pós, porção de ossinhos, contas e muitas raízes de ervas, o que tudo mandei jogar fora, entregando ao dito Paulo, a vista das pessoas que me acompanharam, algum dinheiro de cobre que se achava em um quarto espalhado no chão, como sinal, sem dúvida de grandeza, prevenindo ao mesmo Paulo que se continua-se com suas feitiçarias o mandaria prender. Dando por finda a diligência, retirei-me, tendo recebido, por este motivo, muitos louvores das pessoas mais sensatas desta localidade. Convém orientar a Vossa Senhoria que já tenho tido diversas denuncias, que o dito africano, patrocinado pelo Capitão Chagas, continua, em outra casa, a proceder pela mesma forma, e que alguém o autoriza a levar a pau a força policial quando ali se apresentar. Por agora é o que me cabe levar ao conhecimento de Vossa Senhoria, não me esquivando a apresentar um abaixo assinado, se assim for preciso, confirmando o mau procedimento do tal Paulo, para que não estejam a levantar castelos aéreos, em falta de outros afazeres.
Deus guarde a Vossa Senhoria   
Ilustríssimo Senhor Doutor Chefe de Polícia da Província da Bahia.
José Torquato de Barros
Subdelegado.
FONTE:
Arquivo Público do Estado da Bahia
Seção Colonial
Polícia / Correspondência Recebida de Subdelegados
MAÇO: 6246
Ano: 1878-1879

Veja também: 

CEM ANOS DO PORTO DE SALVADOR


A capital baiana foi muitas vezes denominada por viajantes como a “cidade do porto”, “cidade armazém”, “cidade voltada para o mar, cidade formigueiro” e “importante porto exportador/importador”. O porto soteropolitano conferiu à cidade um destacado caráter comercial; foi importante veículo de integração da região no sistema capitalista internacional; e também foi a principal ligação entre o mundo rural do recôncavo, produtor primário, e o centro consumidor urbano. A importância estratégica do porto baiano fez com que este fosse por muito tempo conhecido como o porto do Brasil. No século XVIII, foi sem duvida o principal entreposto comercial do Atlântico Sul, uma vez que a baía de Todos os Santos oferecia um abrigo seguro e grande facilidade em ser demandada pelos veleiros de longo curso.
A construção de instalações portuárias foi ordenada juntamente com a própria fundação da cidade. Assim, desde 1549, com a chegada da armada que acompanhava Tomé de Souza para instalação do Governo Geral e edificação de uma fortaleza, surge a cidade portuária que viria a ser por mais de três séculos o mais importante centro urbano da colônia. A ideia de melhorar a estrutura material do poro existiu desde os tempos coloniais, a fim de facilitar o desembarque de cargas, realizando-o o mais perto possível da baía. Isso porque, em períodos de temporais, as fortes vagas e rajadas de vento forçavam as embarcações a arribarem da ponta de Montserrat para diversos pontos do interior, pelos rios Cotegipe e Itapagipe.
A modernização do porto (1906 – 1930), feita junto com a ampliação do bairro comercial e a abertura da Avenida Sete de Setembro, na cidade alta (1912 – 1916), foi determinante para a remodelação da cidade do Salvador. No entanto, a inauguração de 400 metros de cais e quatro armazéns, dos quais apenas dois pareciam funcionar, trouxe uma série de problemas que frustraram a expectativa dos baianos. Com isso, os comerciantes passaram a reivindicar o fim da cobrança obrigatória das novas taxas de carga e descarga de mercadorias no novo cais, artefato moderno, mas ainda totalmente inadequado.
Revivendo o centenário da inauguração do porto modernizado de Salvador, apresentamos o seminário Cem Anos do Porto de Salvador. Uma oportunidade para refletirmos sobre os impactos desta construção num importante contexto em que o Brasil e a Bahia, em particular, vêm empreendendo esforços para a revalorização histórica, econômica, social, e cultural da região portuária soteropolitana.


CONVERSANDO COM SUA HISTÓRIA



A Fundação Pedro Calmon, através do Centro de Memória da Bahia, convida a toda(o)s para a palestra "Francisco Dias Coelho: O Coronel Negro da Chapada Diamantina (1864-1919)", que será ministrada pela prof.
Moises de Oliveira Sampaio (Uneb).
Contamos com a sua participação!
Data: 20 de maio de 2013
Horário: 17h
Local: sala Kátia Mattoso - auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia

Resumo da palestra:

O Coronel Francisco Dias Coelho era neto de escravos e filho de camponeses negros que viviam na Chapada Diamantina, nasceu em 1864, 24 anos antes da abolição da escravatura no Brasil. No início do século XX, a região era uma das mais importantes economicamente da Bahia, e o coronel negro seu mais influente líder político.
Dias Coelho acumulou fortuna com a expansão do comércio de pedras preciosas na Chapada Diamantina, no final do século XIX, foi considerado o maior comerciante de pedras preciosas do estado da Bahia, aliado a outros negros e mestiços ricos e dominaram a região politicamente e economicamente por uma período de mais de trinta anos.
Foi responsável por reformas urbanas e projetos de alfabetização em massa na sua região de domínio trazendo inovações baseadas no modelo francês de organização urbana. Apesar de modificar profundamente a sua sociedade não foi registrado nenhuma revolta da elite branca que se sujeitou a ser comandada por um negro em um período tão curto com relação ao escravismo no Brasil, além de estar na moda na época o Racismo cientifico tanto na Bahia quanto no mundo.
O estudo da biografia de um coronel negro é relevante para a compreensão da ascensão econômica e política no período e do pós-abolição da escravatura no Brasil, bem como as estratégias de luta contra o racismo por parte de um negro que se inseriu na elite branca da época, como também a cultura política de uma região que tinha a liderança interiorano um homem que pelos padrões científicos da época era considerado intelectualmente inferior..
Atenciosamente,

Centro de Memória da Bahia
Fundação Pedro Calmon - Centro de Memória e Arquivo Público da Bahia
Secretaria de Cultura do Estado da Bahia

ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA FUNCIONA PRECARIAMENTE


Nilma Gonçalves 
Em um dia chuvoso, no canto da sala de pesquisa do Arquivo Público do Estado da Bahia, com máscara no rosto, Edilmar  Cardoso Ribeiro manuseia  cuidadosamente  documentos raros.
Baiano de Uauá (a 416 km de Salvador), há nove anos ele mora em Roma, Itália, e está em Salvador  para finalizar  tese de doutorado sobre catequese e civilização de índios na Bahia.
De fala mansa, o ex-seminarista não esconde a decepção com as condições físicas da instituição mantida pela Fundação Pedro Calmon, da Secretaria da Cultura do Estado da Bahia. "É uma vergonha para a Bahia o estado em que se encontram os arquivos, expostos a todo tipo de intempérie climática. Recebi alguns documentos em situação muito difícil", disse.
Morador de uma metrópole  de cultura milenar, apelidada de Cidade Eterna, Edilmar  compara: "Na Itália, o acervo histórico é valorizado, e os locais onde  se encontram são adequados".
Problema antigo - As reclamações relacionadas ao Acervo Público, prédio histórico localizado na Baixa de Quintas, são as mesmas há tempo. Em janeiro de 2011, o  A TARDE noticiou a falta de energia elétrica no local, suspensa, à época, para evitar  curto-circuitos e reduzir os riscos de incêndio.
Um ano e meio depois, a energia continua desligada em algumas salas. Muitos funcionários e pesquisadores sofrem com a falta de ar condicionado e de iluminação adequada.
Pouco espaço - Os locais subdimensionados, reservados para os pesquisadores (que vêm de várias partes do mundo) também comprometem o trabalho. São apenas nove mesas na sala de pesquisa.
"Há dias em que é uma loucura! Primeiro, porque ficamos em uma área mínima e, se estivermos em um número amplo, não temos como trabalhar direito. Cada pessoa tem uma dinâmica diferente", reclama a historiadora Rosara  de Brito.
Frequentadora assídua do Arquivo Público  há oito anos, Rosara conta também  que, sempre que chove, o local onde fica o casarão alaga, dificultando o acesso. 
Rede limitada - Para Mônica da Fonseca, mestranda em educação, as dificuldades são outras.  "É tudo tão limitado, que  não posso usar dois aparelhos eletrônicos, como  um scanner e um laptop, ao mesmo tempo, porque a  rede elétrica não suporta ", ressalta. Em seguida, questiona: "Como um tesouro público dessa importância fica tão descuidado?".
O historiador Walter Fraga não sabe a resposta, mas concorda quanto ao valor do acervo do Arquivo Público."Vêm pesquisadores de todo o Brasil e até do mundo, pelo conjunto de documentos que fazem parte deste acervo, que engloba um período vasto da História do Brasil", destaca. "Essa instituição merece o maior respeito do poder público, que deveria investir em infraestrutura", afirma.

Acompanhe essa triste História: 
Já se vão 108 anos 




FESTIVAL DE HISTÓRIA: DIAMANTINA 2013



Começou a contagem regressiva para a segunda edição do primeiro Festival de História do Brasil, o fHist, a realizar-se entre os dias 19 e 22 de setembro na bela paisagem cultural de Diamantina. Apresentada pelo Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, a nova edição do festival tem o Itaú Unibanco como um dos seus mais importantes patrocinadores e aprimorará a receita de sucesso que marcou o fHist em 2011, propiciando a plena interação entre historiadores e jornalistas convidados com o grande. Além da apresentação pelo Ministério da Cultura, outra novidade é que a Fundação SM, referência em educação na Espanha e na América Latina, compõe agora as parcerias institucionais para a realização da segunda edição do festival em setembro de 2013, ao lado do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e da Prefeitura Municipal de Diamantina, instituições parceiras desde 2011. Da mesma forma, a Fundação Biblioteca Nacional (BN) deverá integrar também as parcerias para a realização do segundo Festival de História este ano.

Uma programação criativa e diversificada

Quatorze conferências e mesas-redondas, a serem realizadas na Tenda do fHist, na praça Doutor Prado, formam a espinha dorsal da programação principal da segunda edição do Festival de História em Diamantina, entre os dias 19 e 22 de setembro. Como na primeira edição, a programação da Tenda do fHist em 2013 não terá um único foco e deverá abordar momentos e temas diversos da História, sempre com o compromisso de oferecer aos participantes novas e inéditas visões. Ao lado da tenda, o Teatro Santa Izabel irá abrigar as cinco Oficinas de História e as três sessões de cinema do festival, enquanto que o Mercado Velho irá receber a Feira de Livros do fHist e dez Proseando no mercado, em que os escritores convidados debaterão as suas obras com o público presente. O Mercado Velho será ainda centro de convivência e alimentação durante os quatro diais do festival em Diamantina. Por fim, cinco espetáculos, entre os quais a Vesperata, completam a programação da segunda edição do fHist, cuja grade temática e de convidados começará a ser divulgada no site oficial www.festivaldehistoria.com.br 

Como participar

As inscrições para o Festival de História em Diamantina serão abertas no dia três de junho de 2013, com vagas limitadas à capacidade de lugares da Tenda do fHist na praça Doutor Prado. Cadastre-se aqui para receber informações e notícias exclusivas sobre o Festival de História.

QUANDO OS TRABALHADORES SE REVOLTAM



Bahia, 4 de fevereiro de 1885
Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor
Sendo forçada a Empresa das Fábricas Centrais a despedir um certo número de trabalhadores das fábrica de Iguape, por não serem necessários os seus serviços, estes exaltaram-se e ameaçam a vida do abaixo assinada engenheiro residente da construção da mesma fábrica, com o fim de evitar um conflito e tristes consequências que dele possam resultar, o abaixo assinado dirige-se a Vossa Excelência, solicitando garantias para sua vida, para as vidas das famílias que habitam a localidade, e até para os trabalhos já realizados. Podia o abaixo assinado dirigir-se a autoridade local, mas conhecendo a falta de praça na localidade e a urgência do caso, vem diretamente a Vossa Excelência, pedir essas providências e põe a disposição do governo de Vossa Excelência uma lancha a vapor para o transporte da força.
Deus Guarde a Vossa Excelência.
Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Desembargador, Esperidião Eloy de Barros Pimentel – M. D. Presidente da Província.
Na lateral do documento: Foi expedida uma força auxiliar de dez praças para a fábrica.
Fonte: Arquivo Público do Estado da Bahia
Seção Colonial/Provincial
Governo da Província – Corespondência recebida do conselho administrativo da companhia de fábricas úteis – 1839-1889 – MAÇO: 4603

VIVA AO DIA DO TRABALHADOR