Polêmica por conta do 2 de Julho será investigada pela prefeitura



 A TARDE

O secretário municipal de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, João Carlos Bacelar, anunciou no início da noite desta segunda, 11, que vai ser instaurado inquérito para apurar se um e-mail com ofensas à professora Consuelo Pondé, presidente do Instituto Geográfico e Histórico  (IGHB), é realmente de autoria de Alexinaldo Lobo, gerente de promoção cultural da Fundação Gregório de Mattos (FGM). Se for comprovada a autoria, segundo Bacelar, o servidor será exonerado.
Afastado de suas atividades por licença-prêmio, Alexinaldo Lobo não foi encontrado pela reportagem e não respondeu aos questionamentos enviados por e-mail. De acordo com o secretário, ele negou a autoria do texto.
Durante uma reunião realizada nesta segunda à tarde na FGM, a presidente da fundação, Isa Maria Silva, pediu desculpas oficiais a Consuelo Pondé. Além disso, ficou decidido que os carros que carregam as imagens do caboclo e da cabocla passarão por manutenção e participarão do desfile do 2 de Julho.
Repercussão - O e-mail polêmico foi enviado à professora Consuelo Pondé após uma entrevista que ela concedeu à Rádio Metrópole na última sexta-feira. Atribuído – por meio do endereço eletrônico e no final do texto –  a Alexinaldo Lobo, o texto ofende a historiadora com termos como “irresponsável e destemperada”. No trecho inicial do e-mail, o autor afirma: “Achei muito mal-educado seu pronunciamento na Rádio Metrópole, além de mentiroso e grosseiro”.
O e-mail rapidamente repercutiu em redes sociais, como o Facebook. Diversas personalidades e artistas baianos manifestaram apoio à historiadora. Fora do País, o escritor João Ubaldo Ribeiro enviou mensagem ao A TARDE, onde registra solidariedade à professora: “Que absolutamente não pode ser desconsiderada e desrespeitada por quem quer que seja, muito menos por um órgão oficial da Bahia”, disse.
Na entrevista concedida à rádio, a presidente do IGHB disse que os carros – construídos em meados do século XIX – estão deteriorados por falta de manutenção adequada e que poderiam não sair no desfile se não fossem instaladas pranchas sob as rodas.
Após os pedidos oficiais de desculpa, ficou acertado que uma próxima reunião será realizada para discutir a manutenção dos carros. “As informações técnicas serão discutidas em reunião com membros da nossa equipe e do instituto”, afirmou a FGM, por meio da assessoria.
Pranchas - Segundo a historiadora Consuelo Pondé de Sena, os carros que carregam as imagens dos caboclos passam por reparos todo ano, mas uma grande reforma só ocorreu na gestão do ex-prefeito Antônio Imbassahy. “O calçamento do trajeto do desfile é muito desnivelado e feito de pedras. O carro não aguenta mais esse percurso. O que estou pedindo à prefeitura, e acredito que ela vá fazer, é a instalação de pranchas embaixo das rodas, para evitar que os carros tenham atrito direto com o chão”, disse.
A necessidade do apoio com as pranchas foi recomendada, segundo Consuelo Pondé, pelo diretor do Museu Afro Brasil, Emanuel Araújo, e pela museóloga Sílvia Ataíde. “Nesta gestão, só foi feita a restauração da pintura. No ano passado, na volta do desfile, o eixo da roda quebrou. Precisa de uma intervenção maior”, acrescentou Consuelo Pondé.